quinta-feira, 26 de abril de 2012

O novo desafio para escalar o Everest....


O que leva uma pessoa a ter interesse em escalar um pico como o Everest? sabendo dos riscos de não subir em função do tempo, risco de morte, e o risco do "mal da montanha"?, quando alguém me pergunta por que escalo montanhas eu respondo: "Porque esta lá!", simples!, mas o pico do Everest é um pico que desafia nossas ambições, nosso ego e nossa vontade de vencer um dos maiores gigantes da natureza, é o que o suíço Ueli Steck de 35 anos pretende fazer sem o uso de oxigenio e muito provavelmente por uma rota não utilizada ainda!, veja reportagem da Graça Magalhaes(Graça Magalhães-Ruether (ciencia@oglobo.com.br):

O Globo: Quais são os seus planos para conseguir desta vez alcançar o topo da montanha mais alta do mundo?
Ueli Steck: Eu vou tentar atingir o Everest através do Nepal. Não sei se essa opção é melhor do que através do Tibete. Vamos ver depois. Normalmente, só sabemos se fizemos a opção certa depois de atingir o topo. Mas, como costumo fazer, vou novamente subir a montanha sem máscara de oxigênio. No ano passado, com o tempo ruim senti que meus pés haviam congelado. Ainda pensei em usar oxigênio, para melhorar a circulação, mas depois vi que não valia a pena o risco. O Everest continua lá. Por ele, não arriscaria perder um único dedo. Mas a rota precisa que usarei só vou decidir quando começar a escalada.
O Globo: Por que vai escalar o Everest novamente sem oxigênio?
Steck: Enfrentar a situação do ar rarefeito, pobre em oxigênio e conseguir superá-la é um dos grandes desafios de escalar o Everest. Ele não permite erros. A qualquer momento a morte pode chegar. Eu não tento superar novos desafios para vencer em uma concorrência com outros alpinistas. O que vejo como importante é testar os meus limites. Como todo mundo, eu também tenho os meus limites e fico feliz quando consigo superá-los.
O Globo: É verdade que vai subir numa rota nunca usada antes por outros alpinistas?
Steck: Não posso ainda dizer porque, como já disse, ainda vou escolher a rota. Mas será de qualquer forma pelo Sul, via Nepal. Muitas pessoas já fizeram essa escalada. Mas a minha inovação é o desafio de subir a montanha mais alta do mundo em estilo veloz e sem cordas fixas.
O Globo: No ano passado, você escalou o Shishapangma, de 8.013 metros, também nos Himalaias. É verdade que a rota nunca tinha sido usada antes?
Steck: Foi a face Sul do Shishapangma, que já tinha sido escalada. O que fiz de novo foi usar o caminho no meio da face, que ninguém nunca seguido antes.
O Globo: Quando está lá em cima, a milhares de metros de altura, qual é a sua maior preocupação, manter o equilíbrio ou o medo de avalanches de neve?
Steck: O perigo de avalanche sempre existe, mas reduzo o risco ao máximo possível com o meu método de escalar em velocidade, o que faço desde a juventude. Há 20 anos eu treino para escalar altas montanhas em velocidade, sem cordas fixas. O $que levamos é leve, assim como os sacos de dormir.
O Globo: E por que não usar cordas fixas, para se segurar na subida?
Steck: Desde muito jovem eu aprendi a escalar montanhas de forma livre, sem a ajuda das cordas fixas, só com piquetas e grampos. Este é o principal desafio. Importante para mim, quando estou lá em cima, é me concentrar no que estou fazendo no momento, sem ficar pensando no perigo de a piqueta soltar ou ocorrer uma avalanche. Eu uso uma corda de 50 metros. O que não uso é a corda fixa, para subir a montanha. Eu confio na minha piqueta porque a fixo no gelo de forma perfeita. Para isso, fiz um longo treinamento.
O Globo: Muitas pessoas que acompanham o seu trabalho admiram a sua coragem de desafiar o perigo de forma tão radical. Você não tem medo de um dia não ter sorte?
Steck: Eu não penso da mesma forma, se vou ou não ter sorte. Eu faço o que faço porque adquiri experiência e confiança em mim mesmo de que vou conseguir. Se pensasse da forma, talvez dê certo, talvez não, evitaria o risco. Eu procuro novas aventuras para ver como a rota é, que desafios ela oferece.
O Globo: Desde 2007, quando você levou a pancada de uma pedra e deslizou 200 metros, é famoso internacionalmente e considerado o melhor alpinista do mundo. Como consegue manter a concentração?
Steck: É muito importante continuar fiel a mim mesmo. Não subo montanhas para impressionar as pessoas. Isso é talvez uma consequência do meu trabalho. Esse momento, quando despenquei 200 metros, foi realmente muito perigoso. Mas eu não senti que ia morrer. Senti-me apto a superar a situação.
O Globo: O que vai fazer para superar o frio no Monte Everest?
Steck: Eu vou escalar na primavera, a melhor época do ano. Claro que não sabemos como vai ser o tempo lá na atual primavera. Mas eu me preparei bem com roupa e sapatos adequados.
O Globo: Quanto tempo precisou para se preparar para a próxima aventura?
Steck: Eu comecei a treinar desde que voltei da última viagem aos Himalaias. Subir montanhas é a minha vida. Além dos treinamentos, para acostumar o corpo a uma vida ascética, eu dei muitas conferências no mundo inteiro sobre a minha última expedição. Além disso, trabalho no projeto de um livro que será lançado em setembro próximo. Só isso faz com que distancie por algum tempo a minha atenção das montanhas.
O Globo: Em março, desapareceram nos Himalaias três alpinistas, sendo que um deles era o suíço Cedrich Hählen. Eles foram vistos pela última vez no dia 9, a uma altitude de 7.800 metros. Fica preocupado quando ouve falar de tragédias com colegas?
Steck: Eu acho que eles foram pegos pelo excesso de frio. O perigo do frio no inverno é muito maior. Nessa época do ano, a temperatura pode cair a até 30 graus Celsius negativos ou menos. Mas isso comprova o que já sabemos. Tão fascinantes quanto são, as montanhas oferecem sempre risco. Fiquei muito chocado porque conheço Hählen pessoalmente. Ele é um bom e experiente alpinista. Não consigo entender o que pode ter acontecido, mas acho que foi mesmo o excesso de frio.
O Globo: O que pretende fazer quando ficar mais velho e já tiver atingido todos cumes mais altos do mundo?
Steck: Provavelmente devo continuar a fazer o que já faço, dar conferências sobre as montanhas e escrever livros. Montanhas são a coisa mais importante da minha vida. Uma ideia que me fascina é um dia escalar em alta velocidade o Pão de Açúcar. Comparando com outras montanhas que já escalei, seria uma ascensão confortável. Uma escalada fácil, mas assim mesmo uma nova aventura.
O Globo: Como você vê o futuro do alpinismo? As escaladas vão continuar tendo novos recordes de velocidade?
Steck: Sobretudo nos Himalaias há um grande potencial para aventuras impensáveis hoje em dia. No momento em que usamos um método de escalar com pouca bagagem, podemos nos mover mais rapidamente, poupar forças e com isso, no final, subir a montanha com mais segurança. Eu acho que o futuro está com o alpinismo veloz.
A REPORTAGEM COMPLETA ESTA NO ENDEREÇO ABAIXO:


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